quinta-feira, setembro 09, 2004

Divagações sobre a minha chatice

O que vou escrever tem, de certo modo, relação com o post anterior.
Seguinte: eu não ando em um dos períodos de maior inspiração ou mesmo com vontade de escrever. Ando com mais vontade de falar, falar bastante sobre assuntos que já deveriam estar esgotados: minha família, minha questão com a minha irmã/meu cunhado. Isso já virou novela e eu sinto muito por ter infernizado alguns de vocês com meu monotematismo.
Essa fixação pelo mesmo assunto deve ter lá suas bases e eu vou tentar fundamentá-la de modo a não parecer um chato gratuito ao menos.
Estou levando uma vidinha rasa de vestibulando. Do cursinho para casa, de casa para o cursinho. Tem o inglês também. Só.
Além disso, continuo encalhado (rs) e, portanto, não tenho grandes novidades sobre o lado amoroso e mais interessante da vida. Some a este estreitamento de horizontes imposto pela rotina que eu vou caracterizar como medíocre e você terá como resultado um chato de galochas: eu!
Neste contexto, surge a minha irmã que me vem impondo grandes, para ser um tiqinho trágico, desgostos e um nervosismo absurdo, o que eu reputo ao à personalidade egoísta dela. Como este é o fato que mais me tem causado agitaçào e reflexão, considero natural até certo ponto que eu tenda a falar muito disso. Mil perdões. Como estou aqui me propondo a ir contra a minha tendência de esmiuçar novamente esse assunto, eu vou me limitar a diferenciar dois cognatos:

1- egoísta: aquele que se importa somente consigo (ao que parece, minha irmã);
2- egotista: aquele que escreve ou fala muito sobre si mesmo (eu, devo admitir).

Foi baseado nessa "reflexão etimológica" (olha a pretensão!) que eu achei um nome para este blog. Pode não ser a coisa mais original já vista e pode não ser o título de maior impacto, mas eu definitivamente não consegui arranjar nada melhor.

Sinto muito, Lisa... Sentir-me-ia (olha só, andei comparecendo às aulas de topologia pronominal e às do Carlos E....hehehe) um idiota completo se aceitasse o nome do seu antigo blog. Seria como assinar um atestado de burrice. De qualquer modo, grato pela oferta e pela pressãozinha. Ela contribuiu para me fazer pensar a respeito do nome e me levou a pensar sobre o negócio do egoísta/egotista.

Falando em Lisa, foi ela que achou essa letra na internet para mim. É uma obra-prima do Tom Jobim da qual eu gosto muito.



Matita Perê

No jardim das rosas
De sonho e medo
Pelos canteiros de espinhos e flores
Lá, quero ver você
Olerê, Olará, você me pegar

Madrugada fria de estranho sonho
Acordou João, cachorro latia
João abriu a porta
O sonho existia

Que João fugisse
Que João partisse
Que João sumisse do mundo
De nem Deus achar, Ierê

Manhã noiteira de força viagem
Leva em dianteira um dia de vantagem
Folha de palmeira apaga a passagem
O chão, na palma da mão, o chão, o chão

E manhã redonda de pedras altas
Cruzou fronteira de servidão
Olerê, quero ver
Olerê

E por maus caminhos de toda sorte
Buscando a vida, encontrando a morte
Pela meia rosa do quadrante Norte
João, João

Um tal de Chico chamado Antônio
Num cavalo baio que era um burro velho
Que na barra fria já cruzado o rio
Lá vinha Matias cujo o nome é Pedro
Aliás Horácio, vulgo Simão
Lá um chamado Tião
Chamado João

Recebendo aviso entortou caminho
De Nor-Nordeste pra Norte-Norte
Na meia vida de adiadas mortes
Um estranho chamado João

No clarão das águas
No deserto negro
A perder mais nada
Corajoso medo
Lá quero ver você

Por sete caminhos de setenta sortes
Setecentas vidas e sete mil mortes
Esse um, João, João
E deu dia claro
E deu noite escura
E deu meia-noite no coração
Olerê, quero ver
Olerê

Passa sete serras
Passa cana brava
No brejo das almas
Tudo terminava
No caminho velho onde a lama trava
Lá no todo-fim-é-bom
Se acabou João

No Jardim das rosas
De sonho e medo
No clarão das águas
No deserto negro
Lá, quero ver você
Lerê, lará
Você me pegar