quinta-feira, maio 05, 2005

Notícias

Digamos que eu não tenho achado ânimo nem tempo e muito menos assunto para tratar aqui. Pela primeira vez, eu não tive, durante mais de dez dias, nenhuma experiência que podria eventualmente se converter em um post. Não sei bem o que acontece. Nem sei mais se quero manter o blog. O que eu sei é que, se eu optasse por largá-lo, muito poucos sentiriam falta. E na verdade isso deveria importar pouco (enquanto sabemos que, na verdade, importa mais do que eu gosto de assumir).
Tenho algumas novidades:
1- larguei o conservatório por todos os motivos que eu tinha citado no post anterior e mais alguns. Não estava mais funcionando. Conversei com o Márcio e ele foi hiper compreensivo comigo em relação aos meus motivos. Saí numa boa.
2- vou tirar carteira de motorista. É, com o dinheiro do conservatório, vou poder pagar auto-escola. Pessoas, preparem-se, o mundo nunca mais será seguro.
3- fiz minha primeira prova e não poderia ter começado melhor. Foi prova de Lingüística, que é a minha matéria preferida. Não tive que me matar de estudar porque vinha lendo todos os textos, prestando atenção às aulas, anotando tudo, etc. Eu estava preparado, ao contrário do que deverá acontecer na prova de estudos Clássicos. Bom, o esquema da de clássicos é diferente, ao menos. O professor entrega a prova e você leva para casa para responder... LEVA PARA CASA A PROVA!
4- estou adorando a faculdade, apesar de demorar séculos para chegar até lá. Minha vida se disciplinou um pouco mais agora. Até de comer doce e tomar refrigerante eu larguei. Tudo naturalmente, sem fazer esforço, apenas baseado na falta de tempo. Meus dias parecem ter encurtado de certo modo. Nunca freqüentei tanto uma biblioteca como ando freqüentando a nova (e chiquérrima) biblioteca da FFLCH. Gosto daquele lugar.
5- vou ter que fazer um trabalho de análise de poema. Tem que ter ao menos 6 páginas, isto é, vou ter que tirar leite de pedra.
O poema que eu escolhi para analisar chama-se satélite e é do Manueal Bandeira.


SATÉLITE

Fim de tarde.
No céu plúmbeo
A Lua baça
Paira
Muito cosmograficamente
Satélite.


Desmetaforizada,
Desmitificada,
Despojada do velho segredo de melancolia,
Não é agora o golfão de cismas,
O astro dos loucos e dos enamorados.
Mas tão-somente
Satélite


Ah Lua deste fim de tarde,
Demissionária de atribuições românticas,
Sem show para as disponibilidades sentimentais!


Fatigado de mais-valia,
Gosto de ti assim:
Coisa em si,
- Satélite.

***
Como deve ter sido fácil de reparar, não fiquei choramingando nada desta vez. Primeiro porque não tive vontade, segundo porque acho que não devo ter vontade. Sei lá... às vezes me sinto mal de reclamar da minha vida enquanto tem tanta gente que parece que sofre mil vezes mais e parece indifernte, como se não sentisse o que sofre. Fora isso, odeio gente que parece ter pena de si mesmo, gente com cara de Madalena arrependida.