terça-feira, janeiro 18, 2005

Das novidades

Começo por dizer que demorei um pouco na atualização do blog e isso deve-se basicamente a duas coisas: falta de tempo e falta de assunto.

Sim, porque eu escrevo quase que exclusivamente sobre o que me inquieta, isto é, mazelas, comportamentos que me são irritantes, algumas reflexões, etc. A partir disso, dá para deduzir que a vida tem me tratado bem. Não maravilhosamente, mas bem. O perigo de sermos muito bem tratados é que nos tornamos mimados e eu não quero isso. O mimo enfraquece as pessoas, o mal trato enlouquece e há um certo lirismo e relativa sensatez na loucura.

Basicamente, o que acontece é que eu não tenho sido irritado por nada que me levasse a escrever. Acho que estou numa fase intermediária, de enterro de algumas minhocas antigas da minha cabeça e a criação de novas. Porque minhocas são necessárias para impulsionar alguma evolução. E evolução é vida e é futuro: "perspectiva" é a palavra chave. E as minhas parecem boas, apesar da vigência do meu inferno astral (rs). Minhas dúvidas ainda existem, mas tem se dissipado numa velocidade que não me permite esmiuçá-las. Mais do que isso: tudo parece mais fluido, mais dinâmico. Tem coisas mudando.

Com relação à segunda fase da Fuvest, limito-me a dizer que acho que fui bem e que continuo com boas chances de entrar para a FFLCH.
Foram 3 provas: Português, História e Geografia. Português e Geografia pareceram-me bem elaboradas. Já a de História... Gostaria de trancrever o que o Etapa disse sobre a prova de história, que eu julguei razoavelmente escrota:

"História - uma prova exigente, trabalhosa e desproporcional
O equilíbrio que existia na prova de segunda fase da Fuvest no ano passado, quando comprada à presente, foi rompido.
Das vinte peguntas, pelo menos dez podem ser consideradas de alta complexidade. As outras dividem-se eqüitativamente entre questões de complexidade média e básica. Perguntas aparentemente simples, para serem cabalmente respondidas, exigiram verdadeiras dissertações, daí o caráter desproporcional da prova. Observou-se também que possíveis inerpretações históricas foram apresentadas nas perguntas como se fossem questões irretorquíveis, como a questão 2, que afirma a existência de uma "integração" na Europa Medieval. Com muita propabilidade, o tempo (três horas) e o espaço disponíveis para responder cada questão não foram suficientes.
Mesmo o candidato estudioso e bem preparado deve ter experimentado uma grande dificuldade para resolver a prova. Face ao exposto, resta saber se esta prova realizou os propósitos a que se destinou".


Concordo com o Etapa. Não porque sou "puuuuuuxa!" ou por o Antônio ser Deus. Simplesmente já tinha juízo formado sobre a prova e o Etapa achou o mesmo que eu. Já o Anglo, além de ter dado respostinhas de três linhas para cada questão, elogiou a prova. Simplismo é sinal de ignorância e ignorância não é bom e mata. O resultado sai dia 10 de fevereiro.
(Nossa, que texto interessantíssimo... Desculpem, mas estou ocupado fazendo coisas importantes, como comendo chocottone louca e vorazmente.)

COmo faz muito tempo que não coloco nenhuma música ou poesia aqui, decidi colocar uma que a Marina Lima fez em parceria com o Arnaldo Antunes. Isso porque a vida às vezes parece muito grávida e também porque a letra da música é muito inusitada, divertida... E estranha.


Grávida

Eu tô grávida
Grávida de um beija-flor
Grávida de terra
De um liquidificador
E vou parir
Um terremoto, uma bomba, uma cor
Uma locomotiva a vapor
Um corredor

Eu tô grávida
Esperando um avião
Cada vez mais grávida
Estou grávida de chão
E vou parir
Sobre a cidade
Quando a noite contrair
E quando o sol dilatar
Dar à luz

Eu tô grávida
De uma nota musical
De um automóvel
De uma árvore de Natal
E vou parir
Uma montanha, um cordão umbilical, um anticoncepcional
Um cartão postal

Eu tô grávida
Esperando um furacão, um fio de cabelo, uma bolha de sabão
E vou parir
Sobre a cidade
Quando a noite contrair
E quando o sol dilatar
Vou dar a luz