sábado, junho 11, 2005

Mais do mesmo de novo

Hoje eu até tinha pensado em escrever mas não tenho palavras. Não tenho há muito tempo já e quase que me é indiferente assumir. Simplesmente secou.
Odeio o fato de a calma aflitiva de algumas pessoas e odeio o nervoso desestabilizador de outras.
Eu preciso de paz por hoje e duvido que a encontre. É um daqueles dias em que tudo parece dar errado.
Se é mesmo verdade que existe alguma justiça nesse mundo, que pecado eu cometi para merecer as coisas por que passo? Estranho... duvido que todos os mendigos mereçam ser mendigos enquanto gordos cardeais, tão santos, comem o dinheiro dos dízimos com seus interesses pessoais e molestam garotinhos impúberes. Quem será que merece a vida do mendigo, da prostituta, do indigente, do viciado, da criança carente? Muito provavelmente o papel de prostituta se adequaria melhor ao caráter de alguns capitalistas, cardeais, políticos, policiais...
Será que alguém aí consegue entender essa lógica? Eu não, definitivamente. Queria acreditar que o câncer é mesmo uma forma de autopunição, de culpa. Talvez assim não teríamos crianças que morrem dele e sim grandes criminosos (sobre os quais a consciência agiria como algoz implacável). Isso me pareceria mais justo e purgaria um pouco da maldade deste mundo.
Excesso de realidade deve estar entre as coisas mais duras de se suportar nesse mundo todo feito para o consumo. "Just do it".
Achei que não fosse mais passar por isso tudo, mas percebi que nunca deixei de passar pelos mesmos problemas repetidamente. Teve épocas e que eu quase nem tinha mais medo e de repente as coisas pareceram mais firmes. Pena que pareceram firmes só para ficarem instáveis de novo, com o agravante do medo de passar por tudo de novo. Cachorro mordido de cobra tem medo de lingüiça. Não tenho ânimo e me falta a honestidade de me despir um pouco das armaduras que visto. Falta também um pouco de colo.
Vai passar. Eu quase sempre me viro bem sozinho.
Sonhar é bom. Importante não esquecer: as contas devem ser pagas todo dia 5.

***


(Edward Münch - O grito)
A definição da imagem não ficou lá muito boa... Dane-se

***

Soneto da perdida esperança

Perdi o bonde e a esperança.
Volto pálido para casa.
A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.

Vou subir a ladeira lenta
em que os caminhos se fundem.
Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.

Não sei se estou sofrendo
ou se é alguém que se diverte
por que não? na noite escassa

com um insolúvel flautim.
Entretanto há muito tempo
nós gritamos: sim! ao eterno.

***

"we left the restaurant where the head waiter (in his 60's) said "good-bye sir thank you for your business sir you're
successful and established sir and we like the frequency with which you dine here sir
and your money" and when i walked by they said "thank you too dear" i was all pigtails and cords
and there was a day when i would've said something like "hey dude i could buy and sell this place so kiss it"".