sexta-feira, maio 26, 2006

Sobre recalque, inveja e Poppi

Não sei o que e nem sei como, mas sei que sinto um oco aqui.
Sei também que não queria senti-lo. Inveja mesquinha, falta de surra.
Opressão no peito e tendência a pensar que a minha vida é um saco.
E deve ser. Eu mesmo sou chato.
Chato de galocha, capa e guarda-chuva.
Encaremos isso: não se pode deixar o passado de lado, sem lhe atribuir nenhum valor. Somos frutos do que vivemos e nenhum momento é igual ao anterior, já que vivemos cada um que passa acumulando a experiência dos momentos antecendentes.
E esse é o princípio da música, da língua, da loucura e de tudo o que é linear.
Por isso que escutamos Tchakabum, ouvimos o Maluf e aturamos... e aturamos o Maluf.
Vidinha. E há os que riem de tudo. Bando de bestas.

sexta-feira, maio 12, 2006

Providência

Era uma vez uma menininha.
Uma menininha tonta. Dedicava-se à dança e achava que era a única coisa no mundo para a qual ela levava jeito.
Não obstante, tinha duas pernas esquerdas. O querer às vezes fica a uma distância intransponível do poder.
Provavelmente, ela era a única que não se dava conta de que não prestava para nada.
A carreira nunca deslanchou. Ela nunca conseguiu nenhuma colocação em espetáculo algum.
Certo dia, rolou escada abaixo na estação Anhangabaú.
Ficou gessada por 3 meses e nunca mais pôde dançar.

***

Nada mais triste do que escrever depois que a raiva já passou. Nada parece tão boa idéia depois que chega a calma.